
O sistema de monitorização por GPS disponibilizado a todos os que pretendem subir a montanha do Pico, nos Açores, não pode ser visto como uma alternativa ao acompanhamento por um guia credenciado, cujos conhecimentos são essenciais na caminhada.
«O sistema, se for bem implementado, é importante, mas, da forma como está a ser apresentado, parece que qualquer pessoa pode ir lá acima sem guia», alertou hoje Valter Medeiros, guia credenciado, em declarações à Lusa.
«Este sistema não pode ser uma alternativa ao guia, tem que ser complementar», acrescentou, salientando que o aparelho «não diz qual o caminho a seguir, apenas indica onde a pessoa está».
Por outro lado, o sistema também apresenta falhas, como a que aconteceu há cerca de uma semana, quando um turista ficou ferido na montanha e não foi possível fazer o pedido de resgate através do GPS.
O sistema deveria permitir, segundo informação divulgada pelo governo regional, a emissão automática de um pedido de socorro ou a transmissão de uma mensagem de voz para um número de emergência, mas nenhuma das hipóteses funcionou.
«Tentei várias vezes fazer a chamada pelo GPS, mas não consegui. O pedido de resgate foi feito pelo meu telemóvel», revelou Valter Medeiros, que era o guia do turista que partiu um pé quando iniciava a descida da montanha mais alta de Portugal.
Na resposta a este acidente, Valter Medeiros elogiou o trabalho desenvolvido pelos bombeiros voluntários da Madalena, que demoraram cerca de quatro horas a descer a montanha, transportando uma maca com um homem ferido.
«Foi um tempo recorde, porque é muito complicado descer com uma pessoa numa maca, o trilho é escorregadio, muito inclinado e tem zonas apertadas», salientou.
Para o guia, «o mérito (desta operação de resgate) foi dos bombeiros, não do sistema de GPS».
A subida ao Pico, a 2.351 metros de altitude, demora entre «três horas e meia e quatro horas», conforme a condição física das pessoas, sendo necessário igual período de tempo para fazer a descida.
O trilho oficial, com cerca de 3.800 metros de comprimento, é, segundo Valter Medeiros, «de nível médio, apresentando algum grau de dificuldade».
«É necessário ter alguma preparação física, não é um passeio pedestre acessível a toda a gente», frisou.
Desde o início do ano, já atingiram o cume da montanha do Pico 1.690 pessoas.
Fonte: Diário Digital
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