terça-feira, 21 de agosto de 2012

Intervenção da Secretária Regional da Educação e Formação


Texto integral da intervenção sa Secretária Regional da Educação e Formação proferida hoje na sessão solene do 478º aniversário da cidade de Angra do Heroísmo:

"Agradeço em primeiro lugar, em nome do Presidente do Governo Regional dos Açores, o convite para participar nesta sessão solene que comemora os 478 anos de elevação de Angra do Heroísmo a cidade.
A História não é apenas um percurso pela memória. É um somatório de fatos, um conjunto de datas, uma conexão de dias, meses e anos e de pequenas ou grandes ações e omissões.

Em 1534 o rei Henrique VIII de Inglaterra torna-se chefe da Igreja Anglicana, mais tarde Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra, na sequência da separação da Igreja Católica Romana.

Um ano antes nascia Isabel I, rainha de Inglaterra, e morria o último rei Inca do Perú, por ordem do conquistador espanhol Francisco Pizarro.
Em 1534 o Brasil é dividido em capitanias por D. João III, O Piedoso, décimo quinto Rei de Portugal.
Um ano depois o Grande Conselho de Genebra proíbe a religião católica e Calvino conclui a redação da sua magna obra, e dois anos mais tarde a Inquisição é instalada em Portugal.

Catorze anos antes o excelso navegador português Fernão de Magalhães atinge o Oceano Pacífico, após atravessar o estreito do fim do mundo, que foi batizado precisamente com o seu nome.

Foi também em 1534 que Angra do Heroísmo, vila desde 1478, foi elevada à categoria de cidade, na verdade, a primeira do arquipélago dos Açores, um acontecimento histórico que permitiu que dela se dissesse, um século mais tarde, ser uma «sempre leal cidade» de importância assinalável no combate ao domínio espanhol, ou uma «mui nobre, leal e sempre constante cidade», na sequência da sua nomeação como capital do reino por Decreto de março de 1830. Nela D. Pedro IV promulgou alguns dos mais importantes decretos do novo regime como o que promulgou a liberdade de ensino no país.

É portanto magnânimo o peso dos 478 anos de História de Angra como cidade, coroados com a classificação do seu centro histórico como Património Mundial pela UNESCO em 1983.

A História não se resume, porém, a um amontoado faustoso de datas. Vai muito para além disso. É parte seguramente imprescindível da nossa existência. Permite que sejamos um todo contextualizado por um espaço e por um tempo determinados que nos dão substância. Que nos corporizam. É por isso imperioso que conheçamos as razões de um percurso. E neste caso o percurso é singular. Poucas cidades no mundo ostentam um passado de glórias inúmeras como é o caso de Angra.

Aqui chegados, a 21 de agosto de 2012, não podemos deixar de sentir imenso orgulho por pertencermos a este município, por nele termos sedimentado as nossas raízes, escolhendo-o – ou ele a nós – como local de eleição.

Aqui chegados é suprema responsabilidade dos que hoje a governam honrar a sua história singular. Que falará seguramente, como dizia o nosso poeta maior, daqueles «que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando». O juízo que ficará será sempre o daqueles que colocaram Angra à frente dos seus próprios interesses, porque, reconheçamo-lo, não há interesses políticos, partidários, pessoais ou outros que lhe possam ensombrar o encanto.

Amplamente louvado, em inúmeros suportes, superiormente reconhecido por entidades externas à Região, e óbvio para qualquer angrense que se preze. Um encanto denunciado pelos nossos e outros poetas, registado por pintores, cronistas, e historiadores que não puderam resistir ao seu encanto.

Como os organismos vivos, Angra do Heroísmo respira, cresce, desenvolve-se, e deve continuar, mais do que nunca, a fazê-lo. Dinamizando o seu comércio, revitalizando a sua indústria, promovendo a cultura, oferecendo melhores condições de vida, de habitabilidade urbana, aos seus cidadãos e a todos aqueles que a visitam. E lutando com o heroísmo que lhe é reconhecido pela história contra as adversidades, as externas naturalmente, e as internas que lhe podem perturbar o semblante e menorizar o caminho. Desejo portanto que a celebração que hoje aqui concretizamos não seja apenas o cumprimento duma simples efeméride.

Desejo por isso em nome do Governo dos Açores que a união, que não sinónimo de unanimidade, persista neste desígnio laborioso e nobre de tornar Angra um lugar melhor para se viver. Esta a superior razão de estarmos também por isso hoje, todos unidos, na celebração do quadringentésimo septuagésimo oitavo aniversário de Angra".


Anexos:
2012.08.21-SREF-SessãoSolene478aniversárioAngra.mp3


GaCS

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