Texto integral da intervenção do secretário regional da Saúde, Miguel Correia, proferida hoje, na cerimónia de encerramento do 50.º aniversário da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada:
“Começo por saudar, em meu nome e em nome do Presidente do Governo, todos aqueles que colocaram de pé e colaboraram nas comemorações do meio século de vida desta Instituição.
Fazer 50 anos é um marco e um motivo de orgulho, para todos que aqui trabalham e todos os que ao longo do tempo contribuíram para que esta Escola alcançasse o estatuto e a notoriedade que hoje tem.
Mas a passagem deste marco é apenas uma fronteira temporal. O percurso educativo prossegue o mesmo ritmo e persegue – estou, disso, convicto -- as mesmas ambições.
Tal como há um ano, no início destas comemorações, cumprimento, de forma particular a Universidade dos Açores que juntou aos seus quadros esta Escola, alargando a sua oferta de ensino, proporcionando assim aos alunos um universo académico mais vasto e de maior projecção.
Os alunos que por aqui têm passado dinamizam o Serviço Regional de Saúde, assegurando não só os cuidados essenciais e de enfermagem, como também alcançam novos patamares de saber, através de pós-graduações ou de projectos de investigação.
Exemplo do dinamismo dos Enfermeiros enquanto classe é sem dúvida o enfermeiro de família cujo projecto-piloto está já a decorrer no Centro de Saúde de Vila Franca. A sua acção sentir-se-á no terreno já a partir do mês de Abril. Com essa experiência pretendemos compreender as oportunidades e os constrangimentos, de modo a chegarmos a um diploma legislativo que seja facilmente aplicado na Região Autónoma dos Açores.
Será de resto uma tarefa que se espera fácil, uma vez que a Região tem já uma grande experiência em termos de cuidados domiciliários: nos Açores o número de domicílios de enfermagem por mil habitantes é o dobro da média do país.
Ao terreno chegará também este ano o Plano Regional de Saúde. É, de facto, um instrumento essencial ao diagnóstico e à adopção de medidas concretas para prevenir e tratar as principais doenças que afectam os açorianos:
No campo da diabetes:
- Pretendemos rastrear de forma organizada a retinopatia diabética e implementar o rastreio do pé diabético em toda a Região;
- Pretendemos, também, rastrear todas as crianças do 5º ano com obesidade infantil de forma a compreender a dinâmica deste problemática e a promover o seu encaminhamento para os serviços de saúde, nomeadamente para consultas de nutrição.
- Pretendemos, igualmente, incentivar a criação do “menu saudável” na restauração colectiva, de modo a que em cada restaurante nos Açores possa haver uma opção clara por uma alimentação saudável.
No campo das doenças oncológicas:
- Decorre, já, em toda a Região o rastreio do cancro da mama que se tem revelado eficaz e com benefícios claros para as mulheres açorianas.
- Em 2010, implementaremos o rastreio do cancro do colo do útero, que permitirá identificar e tratar, a tempo, muitos casos. Seguindo as estatísticas mundiais, poderemos estar a falar de 950 mulheres nos Açores com problemas no útero.
- Programaremos, também, o rastreio do cancro colo-rectal em todos os centros de saúde;
- E dotaremos os Serviços de Pediatria dos Hospitais com meios necessários e adequados a um melhor acompanhamento das crianças que sofrem de cancro.
No campo das doenças cérebro-cardiovasculares, para uma resposta mais eficiente nas situações de emergência:
- Criaremos a via verde coronária;
- E a via verde do AVC;
Deste modo, articulando os serviços de atendimento dos Centros de Saúde com as urgências dos hospitais, haverá um diagnóstico mais rápido dos doentes com enfarte ou com AVC, onde quer que se situem, e serão encaminhados de forma prioritária, já com a terapêutica adequada, para os Hospitais da Região.
São medidas que salvarão muitas vidas.
Mas vêm também aí as potencialidades da medicina nuclear, que também pretendemos ver ao serviço dos nossos hospitais e em benefício dos cidadãos que vivem nestas ilhas.
No campo das infra-estruturas, decorre a construção do Hospital de Angra do Heroísmo e em breve avançarão as obras no Centro de Saúde de Ponta Delgada.
Podemos dizer que será um ano marcante, um ano de mudança, na Saúde na Região Autónoma dos Açores.
E pretendemos que seja uma realização feita em cooperação com os profissionais, com as instituições de ensino e com as áreas de investigação.
E assim, ao mesmo tempo que se colocam os Açores na linha da frente das tecnologias no sector da saúde, se cimenta no campo humano o saber e o conhecimento.
Contamos com todos. Poder político, profissionais de saúde e, naturalmente, instituições de ensino.
Estes objectivos incluem naturalmente esta Escola Superior de Enfermagem.
Está concluído o percurso destes 50 anos.
Estou certo que ano após ano conseguirão atingir novos objectivos, com a mesma distinção.
A todos bem hajam.”
GaCS/RC
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