sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Governo empenhado em garantir nos Açores um "Ambiente mais que perfeito"



O director regional do Ambiente afirmou hoje, em Ponta Delgada, que o executivo de Carlos César trabalha no sentido de haver, nos Açores, "um Ambiente mais que perfeito".

Na abertura das XVII Jornadas Pedagógicas da Associação Portuguesa da Educação Ambiental, Frederico Cardigos advogou que nos Açores existem valores, potencial e oportunidades para que a relação entre os educadores ambientais e as nove ilhas do arquipélago seja intensa e duradoura.

Referiu, no entanto, que há nos Açores enormes problemas com organismos invasores e sustentou que a gestão dos resíduos ainda não funciona adequadamente, estando o mar das ilhas sobre uma pressão insustentável.

Aquele responsável admitiu, também, que há no arquipélago problemas transversais de gestão de água, que vão desde as lagoas até à água para consumo doméstico.

Frederico Cardigos sublinhou, igualmente, que o Governo Regional, consciente de que o ambiente, a sociedade e a economia são pilares não hierarquizáveis, elaborou já diversas estratégias para, em simultâneo, colmatar os problemas identificados como, por exemplo, de entre muitos outros, o Plano Regional para a Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasora em Áreas Sensíveis ou o Plano Regional da Água.

Especificou, por outro lado, que nos Açores existem 12 sítios classificados ao abrigo da Convenção Ramsar, 11 dos quais integraram uma única candidatura que foi classificada pelo secretariado desta convenção como a melhor jamais apresentada.

Realçou, a propósito, a candidatura das fontes hidrotermais de grande profundidade como áreas classificadas ao abrigo da Convenção Oslo-Paris e adiantou que duas dessas fontes ficam dentro da Zona Económica Exclusiva dos Açores e uma terceira, fora.

Esclareceu, por isso, que o sítio Rainbow foi aceite pela comunidade internacional, que subscreve a Convenção OSPAR, como parte integrante das responsabilidades de gestão da Região Autónoma dos Açores.

Disse que os Açores dispõem de uma rede de áreas protegidas de enorme importância, na qual se inclui a Paisagem da Vinha da Ilha do Pico que obteve a classificação de ouro, por parte da UNESCO.

Revelou a existência na Terceira de uma das mais enigmáticas espécies do mundo que é um trevo de quatro folhas, planta com um único património genético, sem variabilidade, cientificamente designada por “Marsíliea Azórica”, que se pode observar junto ao charco da Marsíliea, no Pico da Bagacina, situado no interior daquela ilha.

Frisou, ainda, que nos Açores existem cerca de 450 espécies endémicas e que, em matéria de Reservas da Biosfera, a ilha Graciosa, considerada por decisão da população local como a “capital açoriana do mergulho”, dispõe da maior abóbada vulcânica conhecida na Europa.

Abordando as riquezas ambientais dos Açores, o director regional do Ambiente falou de uma zona pertencente à Rede Natura 2000, em Santa Maria, e que é um recife deslumbrante de vida e de intrincados puzzles geológicos, localizado a cerca de duas dezenas de milhas da costa daquela ilha.

Neste contexto, acrescentou que o Caneiro dos Meros da ilha do Corvo é também um ponto obrigatório para a escafandria.

Frederico Cardigos declarou que os Açores, em termos numéricos, representam 75 por cento das Reservas da Biosfera de Portugal e que na ilha das Flores está a nascer o primeiro dos Centros de Resíduos dos Açores, tendo opinado que a actual deposição em aterro sanitário já não faz qualquer sentido.

Anunciou que na ilha do Faial, o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos traduz o maior investimento jamais feito para a interpretação de uma zona Rede Natura 2000 da União Europeia, tratando-se de uma obra visionária.

Na ilha de São Jorge, ao realizarem-se passeios colectivos através da paisagem local, chamados “Caminhos da Memória”, os jorgenses perceberam que o seu maior activo era o património ambiental e cultural.

Nesse sentido, aquela ilha do Grupo Central do arquipélago, conhecida pela sua forma afilada e pelo seu bom queijo, está a recolher o seu espólio comum em volta de algo a que chamaram de “Ecomuseu” que já organizou uma jornadas internacionais de ecomuseologia.

Para aquele responsável político, um dos extraordinários potenciais do arquipélago dos Açores são as suas Organizações Não-Governamentais para o Ambiente, parceiras do Governo Regional na gestão de um dos maiores valores educacionais que são as ecotecas dos Açores.

Segundo disse, nos Açores existem 86 escolas classificadas como eco-escolas e que dois terços das escolas açorianas têm certificação ambiental, sendo que uma escola da Região Autónoma não ostente, na sua entrada, uma bandeira verde.

Alem disso, há um número crescente de Bandeiras-Azuis nas áreas balneares do arquipélago e unidades hoteleiras locais classificadas com a Chave-Verde.

Frederico Cardigos anunciou que o Governo Regional já lançou uma nova actividade denominada por “Eco-Freguesia: freguesia limpa”, registando-se dezenas de inscrições que continuam abertas.

No âmbito energético, o director regional do Ambiente assegurou que os Açores já ultrapassaram os números europeus para o ano 2020, no que concerne à componente de energias alternativas, e garantiu que no arquipélago se está a retirar carbono da atmosfera terrestre, através de uma recente, mas ambiciosa, prática e ágil legislação sobre eficiência energética.

De acordo com Frederico Cardigos, esta situação pode ser confirmada pela aliança entre o Governo Regional, a Universidade dos Açores e o programa “MIT – Portugal, tendo asseverado que o projecto bandeira do MIT Portugal, o “Green Islands”, desenvolver-se-á no cenário dos Açores, conferindo um cunho ainda mais verde ao arquipélago açórico.

Na sua intervenção, afirmou que em 2009 foram executadas nos Açores dezenas de operações de remoção de organismos invasores, mesmo debaixo de água.

Em relação à disfunção ecossistémica, o director regional do Ambiente anunciou que há nos Açores cerca de 370 espécies de flora natural e 700 introduzidas, provocando um enorme stress ambiental.

Reafirmou que o Governo Regional já terminou a mega operação de remoção do passivo de óleos e minerais e pneus usados, abrangendo valores entre os 670 mil litros de óleos e 5.400 toneladas de pneus.

Para Frederico Cardigos, os comportamentos terão mesmo de ser agora alterados, já que os Açores não são uma região compatível com o abandono de resíduos.

Prometeu que em cada ilha açoriana haverá, pelo menos, um Centro de Interpretação Ambiental com ferramentas educativas para que todos possam melhor conhecer e amar a sua ilha.



GaCS/CM

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