segunda-feira, 24 de maio de 2010

Imposição de 31 insígnias honoríficas açorianas no Dia da Região



Os antigos Presidentes da República Manuel de Arriaga e Teófilo Braga foram agraciados hoje na ilha do Corvo, a título póstumo, com a Insígnia Autonómica de Valor, a mais alta das insígnias honoríficas açorianas.

O Corvo, a mais pequena das ilhas açorianas, acolheu hoje, numa organização conjunta da Assembleia Legislativa e do Governo dos Açores, as cerimónias oficiais do Dia do Açores, durante as quais foram entregues 31 insígnias honoríficas.

Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue, mais conhecido por Manuel de Arriaga, nasceu a 8 de Julho de 1840, na cidade da Horta, vindo a falecer em Lisboa a 5 de Março de 1917. Advogado, professor, escritor, Manuel de Arriaga, grande orador e membro destacado da geração doutrinária do republicanismo português, tornou-se a 24 de Agosto de 1911 no primeiro Presidente eleito da República Portuguesa, funções que exerceu até 26 de Maio de 1915, data em que foi obrigado a demitir-se.

Por sua vez, Joaquim Teófilo Braga nasceu em Ponta Delgada a 24 de Fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa a 28 de Janeiro de 1924. Escritor, ensaísta e político, Teófilo Braga conta na sua carreira nas letras com obras de história literária, etnografia, poesia, ficção e filosofia. Presidiu ao Governo Provisório da República Portuguesa, tendo terminado a sua carreira política após exercer fugazmente o cargo de Presidente da República, em substituição de Manuel de Arriaga, entre 29 de Maio e 4 de Agosto de 1915.

A Insígnia Autonómica de Reconhecimento, a segunda mais importante, distinguiu este ano 11 personalidades, três das quais a título póstumo: Carlos Manuel Corvelo Pereira Rodrigues e Raul Gomes dos Santos, antigos membros de diferentes Governos dos Açores, e Ernesto Augusto de Melo Antunes, militar de carreira e um dos principais estrategas do 25 de Abril de 1974, numa altura em que estava colocado nos Açores.

Natural de Angra do Heroísmo, Carlos Corvelo desempenhou sucessivamente nos Açores, desde 1996, as funções de Director Regional de Estudos e Planeamento, de Subsecretário Regional do Planeamento e Assuntos Europeus e de Secretário Regional Adjunto do Vice-Presidente até ao dia da sua morte, ocorrida a 17 de Outubro de 2008.

Nascido em Lisboa, embora se tenha fixado definitivamente em S. Miguel durante a II Grande Guerra, Raul Gomes dos Santos, além de empresário, foi Deputado às Assembleia Regional e da República e Secretário das Finanças nos três primeiros Governos Regionais.

Por sua vez, o coronel Melo Antunes exerceu por várias vezes o cargo de Ministro nos Governos Provisórios e foi também membro do Conselho da Revolução, um dos signatários do Documento dos Nove, que representou um esforço contra a radicalização do processo revolucionário, e Presidente da Comissão Constitucional.

As restantes oito personalidades distinguidas com a Insígnia Autonómica de Reconhecimento foram Artur Cunha de Oliveira, antigo professor e Deputado ao Parlamento Europeu, Gustavo Manuel Soares Moura, antigo director do diário “Açores” e do jornal “Açoriano Oriental”, Daniel Augusto Raposo de Sá, escritor e antigo Deputado à Assembleia Regional, Norberto Gregório Ávila, escritor e tradutor, José Henrique Álamo Oliveira, escritor e artista plástico, Eduíno Moniz de Jesus, professor universitário e escritor, José Nuno da Câmara Pereira, pintor, e Rui Ferreira Ribeiro de Meireles, antigo Deputado à Assembleia Legislativa e ex-líder do CDS/PP nos Açores.

Com a Insígnia Autonómica de Mérito Profissional foram este ano distinguidos, a título póstumo, Carlos George do Nascimento, um corvino que se notabilizou no Chile, onde foi proprietário da Editora e Livraria Nascimento, e os médicos José Paim de Bruges da Silveira Estrela Rego, impulsionador e organizador da criação do “Distrito Médico dos Açores da Ordem dos Médicos”, e Jorge Homem de Gouveia, principal dinamizador das Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas.

António Maria da Cunha, agricultor graciosense, e Adalberto Hélio de Sousa Martins, empresário terceirense, ambos a título póstumo, receberam por sua vez a Insígnia Autonómica de Mérito Industrial, Comercial e Agrícola, o mesmo acontecendo à Fábrica de Chá Gorreana, uma empresa fundada há 127 anos e que foi responsável pela introdução do chá em S. Miguel.

Por sua vez, a Insígnia Autonómica de Mérito Cívico distinguiu Durval Terceira, líder sindical no Canadá, Carlos Eduardo da Silva Melo Bento, advogado, ex-secretário-geral do CDS/Açores e ex-presidente do PDA, Manuel Goulart Serpa, antigo professor e antigo Deputado à Assembleia Regional, Ruben Rodrigues, antigo director dos jornais “O Telégrafo” e “Correio da Horta”, Manuela Medeiros, sindicalista e membro do Conselho Nacional da CGTP, Francisco Jorge da Silva Ferreira, com 25 anos de funções consecutivas na Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia da Praia da Vitória, João António Gomes Vieira, antigo Director do Museu das Flores, Bruno Domingues da Ponte, jornalista e editor, fundador das Edições Salamandra, José Decq Mota, antigo Deputado à Assembleia Regional e ex-líder do PCP/Açores, e, a título póstumo, Pedro Pimentel Cepo, agricultor e músico popular, natural do Corvo, e Maria dos Santos Machado, jorgense de nascimento, professora e várias vezes prisioneira política no Antigo Regime.

Por último, a Insígnia Autonómica de Dedicação foi atribuída a Rui Manuel Miranda de Mesquita, antigo Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e Secretario Regional dos Assuntos Sociais no I Governo Regional.

Criadas pelo Decreto Legislativo Regional n.º 36/2002/A, de 28 de Novembro, as insígnias honoríficas açorianas visam prestar homenagem a pessoas singulares ou colectivas que, em múltiplas vertentes da sua actuação e em actos com os mais diversos enquadramentos, se hajam distinguido em benefício da comunidade e na valorização dos Açores.

Com a sua atribuição, o Parlamento açoriano não só traduz o “reconhecimento público para com os cidadãos ou instituições que, ao longo dos anos, contribuíram de forma expressiva para consolidar a identidade histórica, cultural e politica do povo açoriano”, como pretende também, de forma simbólica, “estimular a continuidade e emergência de feitos, méritos e virtudes com especial relevo na construção do nosso património insular”.


GaCS/SF/FG

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