sábado, 8 de setembro de 2012

Carlos César: “não é com mais e mais pobreza que resolveremos os problemas”


O Presidente do Governo dos Açores manifestou a sua discordância com as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Primeiro-Ministro, frisando que “não é com mais e mais pobreza entre as pessoas que resolveremos, quer os problemas orçamentais, quer, ainda menos, os de crescimento com que nos confrontamos de forma cada vez mais lesiva.”

Para Carlos César, as decisões anunciadas – “que mantêm no próximo ano a diminuição dos rendimentos dos reformados e dos pensionistas e dos funcionários públicos, e até os agravam por aumento previsível da incidência fiscal, e que retiram agora, na prática, aos trabalhadores do setor privado o valor de um ordenado por ano – aumentarão os problemas sociais, o desânimo, a quebra do consumo interno e terão um efeito fortemente recessivo na economia.”

As consequências, na sua opinião, “serão muito piores para as pequenas e médias empresas do que os ganhos resultantes da diminuição das suas contribuições para a segurança social.”

O Presidente do Governo Regional disse ainda que “as regiões dos Açores e da Madeira serão mais uma vez verdadeiramente espoliadas”, referindo que, no caso dos Açores, “sairão das remunerações dos trabalhadores açorianos, que é como quem diz, da economia da Região, perto de 75 milhões de euros para os cofres do orçamento do Estado e da segurança social, vinte e cinco milhões dos quais eram pagamentos da administração regional aos seus funcionários.”

Face a tal perspetiva, Carlos César disse esperar que, se tais medidas forem por diante, “os partidos na Região, que tanto veneram o atual Governo da República, se juntem aos que pensam e defendem em primeiro lugar os Açores para evitar esse esbulho que nos pretendem fazer e que nos prejudicará a todos.”

O governante, que presidia à inauguração do Angra Marina Hotel, em Angra do Heroísmo – empreendimento que transmite um sinal de confiança no futuro por parte do empresariado –, já havia aludido às expetativas “justificadamente impacientes” face ao que qualificou como passividade das instituições europeias.

“Todos esperamos que a decisão desta semana, ainda que tardia, do Banco Central Europeu, de adoção de um programa para a aquisição de obrigações de países da zona euro no mercado secundário de dívida soberana, contribua não só para obviar à especulação financeira que penaliza os mercados como seja um sinal, no âmbito da união financeira, para outras entidades, como a Comissão e o Conselho Europeu, para abandonarem o torpor em que estão mergulhados que prejudica drasticamente a competitividade, a viabilidade e a coesão europeias”, afirmou.

Mostrando-se confiante na “inevitabilidade de, a curto prazo, a Europa assumir o seu destino de se constituir como uma verdadeira união”, Carlos César lamentou, por outro lado, que em Portugal não se tomem medidas tendentes a reanimar a economia.
“É também incompreensível que, no nosso país, a par das preocupações da gestão orçamental – onde, infelizmente, e ao contrário do que acontece nos Açores, a incapacidade previsional e a degradação do défice e da dívida na administração central acentuaram-se grosseiramente –, é incompreensível, dizia, que não seja rapidamente acordado, nos âmbitos de negociação e contratação adequados, um plano, envolvendo a banca, de financiamento do investimento privado em todo o país”, disse.

Para o Presidente do Governo dos Açores “é impossível o Governo de Lisboa continuar a descurar por mais tempo esse aspeto, cujo mau funcionamento está a destruir muito investimento e boas empresas, tal como empresas em dificuldade mas com viabilidade.”

Concluindo, acentuou que é nesses contextos europeu e nacional, que “queremos ver uma recuperação global, que nos beneficiará nos Açores e que não está à nossa escala e dimensão regionais, infelizmente, ultrapassar isoladamente com eficácia e com bons resultados.”





GaCS

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