terça-feira, 13 de julho de 2010

Governo atribui dívida da Porto de Abrigo à deficiente gestão da cooperativa



O Subsecretário Regional das Pescas afirmou hoje, na Horta, que a dívida que a Cooperativa Porto de Abrigo apresenta, na ordem dos 3 milhões de euros, se deve “à deficiente gestão” daquela organização de produtores ao longo dos anos.

De acordo com Marcelo Pamplona, ao longo da última década entraram nos cofres daquela cooperativa mais de 8,5 milhões de euros, pelo que se pode concluir que a Porto de Abrigo “não é vítima de ninguém, mas sim apenas de si própria”.

De entre as verbas recebidas pela cooperativa, o governante destacou 2,3 milhões de euros de apoios directos do Governo Regional, 2,7 milhões de euros da Lotaçor, 453 mil euros de prémios e compensações comunitárias através da Direcção-Geral das Pescas e Aquicultura, 1,3 milhões de euros de apoios no âmbito do programas comunitários regionais e nacionais e 1,7 milhões de euros de quotizações de associados.

Por tudo isso, adiantou o governante, aquela cooperativa “não se pode queixar de não ter tido os instrumentos financeiros para desenvolver um trabalho em prol dos pescadores e armadores”. O que é verdade, sim, é que a Porto de Abrigo “desaproveitou muito dinheiro que recebeu e que deveria ter sido aplicado em projectos integralmente dirigidos a valorizar a actividade económica dos pescadores e armadores de São Miguel, dado que essa é que é a missão principal de uma verdadeira organização de produtores”, adiantou Marcelo Pamplona.

O Subsecretário Regional das Pescas lembrou ainda que a Porto de Abrigo, que já tinha sido alvo de um saneamento financeiro com apoio de mais de 400.000 euros do Governo Regional, entre 1997 e 2000, recebeu nesta última década “muito mais apoios públicos do que o somatório de todos os apoios públicos que todas as restantes associações da pesca dos Açores receberam”.

Criticou também o facto daquela organização de produtores, em vez de esclarecer onde gastou os 3 milhões de euros que apresenta como dívida, prefira “fugir às suas responsabilidades, lançando insinuações sem fundamento, tentando, para distrair as atenções, desviar-se para assuntos que não têm nada a ver com o seu problema principal, numa postura desleal e pouco transparente”.

Marcelo Pamplona esclareceu ainda que, dos 3 milhões de euros de dívida da Porto de Abrigo, 700.000 euros são respeitantes a uma dívida que tem à Lotaçor, “situação que não tem querido sequer abordar”.

O governante acusou igualmente aquela cooperativa de não ter conseguido “explicar a correcta aplicação de mais de 430.000 euros de verbas que recebeu do Governo Regional para projectos relacionados com gestão de portos de pesca, projectos-piloto e formação profissional relacionadas com a pesca de espécies de grande profundidade e com a situação da sua estação costeira”.

Para Marcelo Pamplona, a Porto de Abrigo demonstrou também “grande insensibilidade social ao não ter pago a totalidade dos salários dos seus funcionários que estiveram envolvidos naqueles projectos, nem ter efectuado os pagamentos obrigatórios perante a segurança social e as finanças relativos aos seus trabalhadores, pese embora tenha recebido apoios financeiros mais do que suficientes para o fazer”.

“Exigir transparência na aplicação dos dinheiros públicos não é um capricho ou acto de má fé, mas sim uma obrigação de qualquer Governo responsável e um dever a que nenhum dirigente associativo se pode esquivar”, acrescentou.


GaCS/FG

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