segunda-feira, 30 de abril de 2012

Horta vai acolher o Forúm Atlântico no âmbito da estratégia marítima da Comissão Europeia


O Secretário Regional da Presidência anunciou ontem, ao final do dia, que a cidade da Horta será o palco para a realização do Seminário português do “Forum Atlântico”, sob o tema “Coastal and Deep Natural Resources”, no âmbito da comunicação da Comissão Europeia intitulada “Desenvolver uma estratégia marítima para a Região Atlântica”.

André Bradford, que falava na Sessão de Encerramento do “Forum Roosevelt”, evento de “co-autoria e co-organização da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento e do Governo dos Açores”, que este ano centrou a sua atenção no debate e reflexão sobre “O Mar na Perspectiva da História, da Estratégia e da Ciência”, explicou que “um dos objectivos daquela que é habitualmente designada por “Estratégia do Atlântico” consubstancia a “adopção de um plano de acção até ao final de 2013, indicando medidas e projectos específicos merecedores de apoio e investimento”.
Para o governante, a realização do “Forum Atlântico” nos Açores tem, assim, “uma importância fundamental, uma vez que é um espaço de reflexão, mas também de determinação do futuro, que reunirá altos responsáveis de instituições europeias, de Estados-Membros, Parlamento Europeu, Regiões, instituições de investigação, de sectores económicos ligados à área e da sociedade civil”, acrescentando que este evento “colocará uma vez mais os Açores, não apenas no centro do Atlântico, mas também no centro das discussões europeias sobre a Política Marítima”.
De acordo com a opinião de André Bradford “os Açores são essencialmente mar, são intrinsecamente mar” e, mesmo considerando que esta constactação tem “um lado poético e afectivo”, sublinhou que também “há uma convicção muito fundada e realista de que o mar é uma vocação e um potencial que exige toda a atenção dos poderes públicos em nome do interesse geral e do futuro sustentado da Região”.
Os novos desafios que se colocam através do mar e da extensão da plataforma continental portuguesa e a forma como, no futuro, os imensos recursos da nossa Zona Económica Exclusiva e da plataforma continental adjacente serão explorados, colocam “uma nova relevância geoestratégica própria, um novo contributo para o posicionamento de Portugal no Atlântico e novas áreas de desenvolvimento económico com o devido benefício para todos os Açorianos”.
“É sobretudo com os Açores, e por causa dos Açores que Portugal pode hoje voltar a sair da península e abrir caminhos do mar à Europa”, acrescentando que, ao mesmo tempo, a “Política do Mar representa um eixo fundamental, determinante e prioritário da relação dos Açores com a União Europeia”, disse o secretário Regional da Presidência.
“A cooperação transatlântica, como qualquer relação de parceria – segundo André Bradford - envolve uma componente conjuntural e dinâmica, redesenhando-se em função da envolvente estratégica, revigorando-se ou debilitando-se em detrimento de outros interesses e outras prioridades mais ou menos circunstanciais”. O governante apontou o exemplo de não faltar “quem hoje diga que “o Pacífico é o novo Atlântico” e que, por isso, a cooperação euro-americana sofrerá em intensidade”.
Mesmo assim, André Bradford continua a acreditar que “na vertente estrutural de uma relação que é também de amizade, historicamente fundada no reconhecimento do novo mundo e fortificada ao longo dos séculos, que sempre tem sabido renovar-se em prol dos interesses comuns e que, apesar das contingências próprias da vida interna de cada um dos Estados parceiros, tem implicado sempre uma consideração especial, que tem ido para além da concretização imediata de objetivos quantitativos”.
O governante, colocando o foco na problemática do futuro da presença norte-americana na Base das Lajes, refere particularmente o “contributo muito concreto e significativo que os Açores têm dado, através da presença de um contingente militar americano na Ilha Terceira, para que os valores e princípios que comungamos mereçam a mais ampla consagração”, sublinhando que o que se espera é que “as partes sejam capazes de, em nome da perenidade das convicções e do histórico de cooperação que partilham, encontrem sempre as soluções que melhor acomodam as aspirações e os interesses em jogo”.
É por isso que, com este sentido, André Bradford frisa: “os Açores aguardam, activamente, que a razão diplomática tenha pelo menos tanto peso quanto os imperativos financeiros e os ditames militares, de modo a garantir que a parceria atlântica centrada na Região não se converta numa relação residual, em que a memória se sobreponha ao futuro e em que o papel de interlocutor privilegiado para o Atlântico, que Portugal tem vindo a assumir por direito próprio, possa ser atribuído a outros com menor vocação e muito menor tradição de cooperação”, conclui.


GaCS

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