segunda-feira, 29 de março de 2010

Ave desaparecida há 50 anos reaparece nos Açores


A recente observação da Grainha dos Pauis na Lagoa do Negro, onde não era vista há cerca de 50 anos, confirmou a importância desta zona central da Terceira para as aves migratórias que passam pelos Açores. A Lagoa do Negro, onde já foram referenciadas mais de 150 espécies de aves, integra um corredor ecológico entre a Serra de Santa Bárbara e o Pico Alto, estando ali a decorrer um projecto experimental de recuperação da biodiversidade.

«Com esta intervenção espera-se uma diminuição dos impactos negativos e o regresso das grandes máquinas da recriação da biodiversidade, que são as garças, patos galinholas, narcejas (raras na Europa) e pernaltas», afirmou o investigador Eduardo Dias, em declarações à Lusa.

Este especialista recordou que «são estas aves que, com as sementes coladas às penas, pululam de lagoa em lagoa, espalhando e mantendo a biodiversidade, num funcionamento perfeito em rede que é fundamental repor, caso contrário os charcos e lagos extinguem-se».

A zona de protecção e renaturalização da Lagoa do Negro, com cerca de dois hectares, situa-se no planalto central da Terceira, onde já foram referenciadas mais de 150 espécies de aves. Recentemente, «foi avistada e fotografada a Grainha dos Pauis, uma ave originária do Mediterrâneo e Ásia Menor, o que aconteceu pela segunda vez no último meio século», revelou Eduardo Dias, destacando também a presença da garça nocturna.

O projeto de recuperação de biodiversidade em curso na Lagoa do Negro prevê também «a introdução de duas dezenas de espécies endémicas raras», como é o caso da ¿Marsilia Azorica¿, muito rara em todo o mundo, que é a única espécie endémica da ilha Terceira.

Os trabalhos, em curso há cerca de um ano, já permitiram localizar meia centena de novas aberturas geológicas, que emergiram com o desaparecimento das turfeiras e dão «acesso a um emaranhado de túneis vulcânicos». Por esse motivo, segundo Eduardo Dias, «os actuais acessos de viaturas vão ser desviados para proteger esta zona».


Fonte: IOL

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