
No Ano Internacional da Biodiversidade, Ponta Delgada acolhe o maior congresso científico mundial sobre microrganismos adaptados a viver em ambientes extremamente hostis e letais para a maioria dos outros seres vivos, designados de extremófilos.
O 8º Congresso Internacional de Extremófilos, que decorre de 12 a 16 de Setembro, no Teatro Micaelense, contará com a presença de cerca de 350 cientistas naturais dos cinco continentes e mais de 40 países e é apoiado pelo Governo dos Açores, através da Secretaria Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos.
A realização deste Congresso nos Açores pretende contribuir para o desenvolvimento de competências científicas locais que permitam a esta Região Autónoma explorar eficientemente os recursos biológicos associados aos ambientes extremos existentes na sua área territorial, incluindo os campos hidrotermais no oceano profundo. Neste contexto, realizar-se-á um curso prático de dois dias que decorrerá imediatamente após o Congresso e que se destina a estudantes de pós-graduação da Universidade dos Açores.
A Presidente da Comissão Organizadora, da Universidade Nova de Lisboa e Vice-Presidente da Sociedade Internacional de Extremófilos, elegeu Ponta Delgada para a realização deste importante evento de modo a divulgar junto da comunidade científica os inúmeros ambientes extremos que a ilha de S. Miguel alberga e de onde, ao longo das últimas três décadas, têm sido isolados microrganismos com características espantosas.
Os extremófilos habitam ambientes em fontes geotermais de profundidade ao largo dos Açores e nas freguesias das Furnas e Ribeira Quente, e têm tido um papel muito importante na investigação científica com variadíssimas aplicações na indústria farmacêutica, alimentar, etc.
A designação extremófilos deriva precisamente da preferência destes micróbios por condições ambientais extremas, tais como temperaturas próximas de 100 ºC, elevada acidez ou salinidade, elevados níveis de radiação ou secura, etc.
Por exemplo, o microrganismo Stygiolobus azoricus, capaz de crescer à temperatura de 90°C, foi isolado em 1990 a partir de lamas sulfurosas extremamente ácidas e quentes, recolhidas no campo das Furnas, pelo Professor Karl Stetter, da Universidade de Regensburg, Alemanha. Este cientista e grande pioneiro na descoberta destes organismos espantosos, proferirá a lição de abertura do Congresso, no dia 12 de Setembro.
No “EXTREMOPHILES AZORES 2010” serão apresentadas 72 aulas e comunicações orais e 247 comunicações sob a forma de painel. O programa científico é extremamente ambicioso, contando com a contribuição de cientistas de grande renome internacional na área dos Extremófilos, da biodiversidade e das aplicações biotecnológicas.
Na lista de convidados figuram nomes provenientes de Instituições de topo tais como, Instituto Craig Venter, Universidade da Califórnia, Universidade de Harvard, NASA, Universidade Técnica de Hamburgo, Agência Francesa para a Exploração do Mar (IFREMER), Agência Japonesa para as Ciências e Tecnologias do Mar e Terra (JAMSTEC), para mencionar apenas alguns de uma longa lista.
Estará presente o Presidente da Associação Internacional de Extremófilos, Garabed Antranikian, que tem prestado apoio na definição da estratégia para o IBBA (Instituto de Biotecnologia e Biomedicina dos Açores) e que é um perito em biotecnologia industrial, em particular na área de organismos extremófilos.
GaCS/VS







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