quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aumento da notoriedade e da qualidade constituem os principais desafios do Turismo dos Açores

O “aumento da notoriedade dos Açores como destino turístico; a identificação e estruturação de produtos turísticos; a de estruturação da oferta hoteleira e sua articulação com os produtos turísticos; a qualidade; a correcta assunção dos mercados, as acessibilidades e a concertação dos diversos protagonistas”, constituem os principais desafios ao sector do Turismo na Região, considerou esta tarde, em Ponta Delgada, o Secretário Regional da Economia.

Vasco Cordeiro, que proferia uma comunicação sobre “Uma visão estratégica para o Turismo dos Açores”, a convite do Rotary Club de Ponta Delgada, explicou que os Açores continuam a ter “um défice de notoriedade como destino turístico em mercados que nos interessa explorar”, como são os casos”da Alemanha, da Itália, Áustria, França, Reino Unido, Espanha, os países escandinavos, a Holanda, a Finlândia ou as províncias do Canadá e alguns estados do Estados Unidos” onde “o conhecimento dos Açores como destino turístico é ainda incipiente”.

Segundo o Secretário Regional da Economia existem, por isso, duas estratégias de reforço da notoriedade da Região, sendo que “uma que se traduz numa aposta exclusiva em circuitos de promoção ligados aos operadores que trabalham estes mercados” e a outra “numa aposta em circuitos de promoção que têm impacto no público em geral, seja com recurso a instrumentos mais clássicos como a televisão ou a imprensa, seja com recurso às novas tecnologias”.

Para Vasco Cordeiro, “o nosso caminho deve ser o de, não dando por findo o apoio relativo aos operadores, reforçar fortemente a segunda”.

Assim, explicou, “os Açores devem por em marcha, como já estão a fazer, campanhas de promoção institucionais que possam fortalecer a sua imagem de destino turístico e que criem interesse no consumidor final”.

Estas campanhas, adiantou ainda, “pelas suas características, institucionais de transversalidade e de abrangência, acabam por, indirectamente, beneficiar, quer os operadores que, nesses países, trabalham com os Açores, quer os que pretendam vir a trabalhar”, garantindo igualmente “as melhores condições para a inexistência de bloqueios ou dependência de operadores únicos”.

Neste campo, o Governo dos Açores tem vindo a introduzir algumas alterações nos contratos que são feitos com os operadores, nomeadamente no sentido de “fazer depender o apoio que é atribuído em função do número de turistas que esse mesmo operador é capaz de trazer à Região”.

Para Vasco Cordeiro a estratégia promocional do destino “é, e deve continuar a ser, uma responsabilidade pública e não dos privados, muito embora, como acontece com o recente concurso público para a Campanha integrada no esforço promocional de 10M €, exista uma concertação e articulação de promoções com o sector privado”.

Vasco Cordeiro explicou igualmente que a ”grande aposta” na promoção dos Açores “só pode ser, em termos genéricos, o Turismo de Natureza”, uma área em que o Governo pretende “conseguir que os Açores se transformem no principal destino do país”.

Além destes aspectos relacionados com a vertente promocional do destino Açores, o Secretário Regional da Economia identificou igualmente um outro grande desafio estratégico que não se encontra directamente relacionado “com o que promovemos, nem no tipo de promoção que fazemos”, mas sim “na correspondência, em termos de oferta hoteleira e de serviços, entre aquilo que divulgamos e aquilo que temos para oferecer”.

Segundo o governante, “esta necessidade de ajustamento não se verifica em todas as ilhas mas sobretudo naquelas que fruto da sua maior dimensão sofrem de uma ambiguidade de oferta que importa resolver”, principalmente nos casos “das ilhas cuja aposta flutua entre uma oferta citadina, de negócios e uma oferta dirigida ao core de atracção dos Açores enquanto destino”.

“Presos entre uma dimensão pouco direccionada para o turismo de lazer e uma necessidade de corresponder a uma procura que se alicerça numa imagem de natureza, bem-estar e tranquilidade, constitui um desafio/obrigação inadiável a respectiva definição ou, pelo menos, a definição de medidas que possam atenuar a diferença entre o tipo de efeito e o tipo de procura ou que possam fomentar a procura correspondente a esta oferta. Nesse âmbito o papel principal cabe, clara, inequívoca e inquestionavelmente às entidades privadas”, disse.

O Secretário Regional da Economia considerou ainda ser necessária “uma maior aposta na vertente da Qualidade dos serviços” de forma que se possa mais facilmente cativar “uma clientela com um poder de compra forte, qualificada e desperta e sensível para a mais-valia” do Turismo na Região.

Na verdade, explicou, “o tipo de Turismo que queremos oferecer não pode vingar se não tiver associado numa componente de qualidade de bens e serviços que, neste momento, ainda não está garantida”.

Vasco Cordeiro destacou ainda o papel da SATA e o trabalho que tem vindo a ser concretizado no sentido de melhorar a acessibilidade à Região, como foi o caso da descida recente do tarifário, e aquela que considerou uma das grandes conquistas do Governo dos Açores: “o serviço de transporte marítimo de passageiros e viaturas que permitiu que milhares de açorianos se deslocassem entre as ilhas durante os meses de Verão, contribuindo para acrescentar ao sector um dos componentes que sempre lhe faltou: a criação de um verdadeiro mercado interno, responsável pelo aumento considerável de receitas nas ilhas de menor dimensão, essencial para a criação de empresas e de postos de trabalho”.

“Muitos, normalmente aqueles que residem nas duas ilhas de maior dimensão populacional, não poupam adjectivos para criticar este serviço, normalmente utilizando aspectos colaterais, ou até incidentes menores, mas a verdade é que a generalidade das nossas ilhas não só acarinha esta opção do Governo dos Açores, como tem consciência de que ela foi fundamental para acrescentar riqueza e desenvolvimento a todas as nossas ilhas”, concluiu.


GaCS/NM

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