O Presidente do Governo, Carlos César, recebeu hoje, em audiência no Palácio de Sant´Ana, o Embaixador de Cabo Verde. Arnaldo Andrade foi portador de uma mensagem do Primeiro Ministro caboverdiano no sentido de solicitar o empenho do Governo dos Açores num reforço da cooperação entre os arquipélagos atlânticos da Macaronésia.
Em declarações aos jornalistas após a audiência, Carlos César quis realçar, juntamente com o embaixador, “a relação histórica e de sempre entre a nossa Região e a República de Cabo Verde. Esta é uma relação que se tem vindo a confirmar, a consolidar e a estabilizar”.
Para o Presidente do Governo, o que hoje está na ordem do dia, para além do desenvolvimento da parceria especial que a República de Cabo Verde tem com a União Europeia “é um aprofundamento maior de todas estas regiões que povoam o Atlântico médio, dos Açores , da Madeira, das Canárias e de Cabo Verde, partindo para uma organização mais sólida, mais cooperativa e que permita um maior número de iniciativas comuns”.
Na próxima semana, em Tenerife, por ocasião da Conferência de Presidentes das Regiões Ultraperiféricas, em que também é convidado especial o Primeiro Ministro de Cabo Verde, Carlos César estará presente e considera que “existirá mais uma oportunidade para que esse aprofundamento possa ter lugar e com uma nova ênfase”.
Para o Presidente do Governo, “é no sentido de dar força e estímulo a essa parceria mais alargada, para além daquela que hoje já existe, que é o Observatório das relações Açores- Cabo Verde, que neste momento nós estamos a trabalhar e que também neste momento recebo como mensagem do Primeiro Ministro de Cabo Verde a solicitação do nosso envolvimento neste projecto”.
Segundo Carlos César, “não está articulada uma fórmula técnica e burocrática para o funcionamento desse projecto de cooperação. Agora, o que é uma ideia poderosa e que nos anima desde sempre, e que deve ganhar agora um novo estímulo, é esta ideia da cooperação entre estas três regiões e outra região que é o país Cabo Verde. Vamos continuar a trabalhar e vamos ver se ganhamos um novo impulso, um impulso que agora está a ser demonstrado por parte de Cabo Verde de forma muito enfática”.
Carlos César acrescenta que “nós temos uma união natural que é a da geografia, e essa é muito poderosa em qualquer parte e em qualquer lugar. Apesar da distância ao longo deste eixo atlântico, nós somos os vizinhos mais próximos no Atlântico. Isso tem alguma força, para além de Cabo Verde, dos Açores e da Madeira termos partilhado uma História comum, conhecer-nos muito bem uns aos outros, e também inclusive o caso das Canárias. Se verificarmos a experiência em múltiplos domínios, da economia, dos transportes, dos sistemas energéticos, em múltiplas outras áreas, são experiências muito similares e os desafios são também eles muito idênticos. Portanto, nós podemos dar contribuições poderosas para os projectos de desenvolvimento das outras regiões e podemos partilhar experiências”.
“Além disso”, considera Carlos César, “estamos numa linha geográfica de continuidade e temos a responsabilidade de passar de geração em geração uma ligação mais forte dessa união natural. Uma ligação que se deverá estender a uma cooperação comum com o continente europeu, com organizações africanas por via de Cabo Verde e que nos permita ter também um maior intercâmbio comercial, económico e cultural. É nessa linha e nessa perspectiva que todos os nossos esforços conjuntos devem ser aprofundados”.
O Presidente do Governo considera que “este percurso, particularmente após o 25 de Abril de 1974 e depois da integração europeia portuguesa e espanhola e também depois deste caminho que Cabo Verde fez no sentido de ser uma região com estatuto de parceria especial com a União Europeia, é um caminho que vai fazendo ao longo destas dezenas de anos. Agora entramos numa fase em que estamos todos consolidados nesta relação com a União Europeia, podemos também, entre nós, reforçar a nossa própria parceria que é essa, por natureza, uma parceria especial”, concluiu.
GaCS/SF
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