sexta-feira, 6 de maio de 2016

Mudanças estruturais no sistema educativo devem ocorrer "a espaços mais latos", defende Avelino Meneses

O Secretário Regional da Educação e Cultura defendeu hoje, em Angra do Heroísmo, que as mudanças estruturais do sistema educativo devem ocorrer “a espaços mais latos”, reafirmando, nesse sentido, a “urgência” da construção de um pacto sobre a Educação.

“Importa que as mudanças estruturais do sistema educativo ocorram a espaços mais latos, de sensivelmente o dobro do tempo, simplesmente porque o tempo pedagógico é substancialmente mais longo do que o tempo político”, afirmou Avelino Meneses, que falava numa aula aberta, em formato de entrevista, com o escritor moçambicano Mia Couto.

“Com esforço, ambição e utopia construiremos muito melhor a escola do desenvolvimento. Uma escola que, para incluir, não abdique da exigência. Uma escola que deve exigir, mas não abdique da inclusão. Uma escola que pratique solidariedade, que é um instrumento de justiça. Uma escola que estimule a competitividade, que é um instrumento de progresso”, frisou.

Para Avelino Meneses, pretende-se construir uma escola que “faça da formação dos cidadãos um consórcio entre a melhoria da sociedade e o crescimento da economia”, mas, para tal, defendeu que “urge a construção de um pacto em redor da Educação”.

O Secretário Regional salientou que a história da Autonomia nos Açores “equivale a uma história de progressos na educação, apesar de nos acharmos, é certo, um tanto aquém dos objetivos que almejamos”.

As razões apontadas por Avelino Meneses para essa situação prendem-se com “o abandono de décadas, quiçá de séculos”, a que os Açores foram sujeitos, assim como à “instabilidade do sistema educativo português”.

Apesar disto, frisou que “não há lugar à resignação”, salientando que, por isso, “investimos na preparação de um plano integrado de promoção do sucesso escolar, o ProSucesso – Açores pela Educação”, em vigor desde o início do ano letivo 2015/2016.

Inserida nesta estratégia e no âmbito do Plano Regional de Leitura, criado em meados de 2011 para “aumentar os níveis de literacia da população, com vista a colocar os Açores a par dos melhores exemplos europeus”, a Direção Regional da Educação promoveu hoje, na Escola Básica e Secundária Tomás de Borba, uma aula aberta com o escritor Mia Couto, que tem várias obras inseridas nos Planos Nacional e Regional de Leitura.

Esta aula aberta foi conduzida pelo escritor Joel Neto, também com obras no Plano Regional de Leitura, e transmitida em direto através da Azores Global TV.

Nos próximos dias, o vídeo integral desta iniciativa, que foi seguida online em várias escolas dos Açores, estará disponível no portal do ProSucesso na Internet.

Mia Couto está a escrever o segundo romance da trilogia 'As Areias do Imperador', cujo primeiro romance, com o título 'Mulheres de Cinza', foi publicado em setembro de 2015 e se debruça sobre os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império em África, dirigido por Ngungunyane, ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses.

Gungunhane, o último dos imperadores que governou toda a metade sul do território de Moçambique, foi derrotado em 1895 pelas forças portuguesas comandadas por Mouzinho de Albuquerque, sendo depois levado para os Açores, mais concretamente para Angra do Heroísmo, onde veio a falecer em 1906.

Anexos:
2016.05.06-SREC-MiaCouto.mp3

GaCS

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